Tradução completa da 4ª edição do livro "God's Order" de Bruce Anstey.
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Sumario

APRESENTAÇÃO

PREFÁCIO
    DENOMINACIONALISMO - UMA ORDEM DE DEUS OU DO HOMEM?
      A RUÍNA DO TESTEMUNHO CRISTÃO 
        1. Passar um tempo na presença do Senhor em comunhão com Ele
        2. Ter o desejo de fazer (praticar) a vontade de Deus
        3. Ter o exercício espiritual de aplicá-la a si mesmo a fim de aprender a Verdade
        4. Ter inteireza de coração para reconhecer a Verdade quando esta é apresentada   
      UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
        1. "Não devemos julgar outros cristãos!"
        2. "Separar-se não é demonstrar amor!"
        3. "Nossa igreja esta crescendo!"
        4. "Deus esta usando as denominações!"
        5. "Posso ser muito útil permanecendo onde estou em minha denominação!"
        6. "Não devemos deixar a nossa congregação!"
        7. "Separar-se de outros cristãos destrói a unidade do Espírito
      A QUAL IGREJA DEVO IR?
      QUEM DEVERIA LIDERAR A CONGREGAÇÃO?
      A ADMINISTRAÇÃO LOCAL NA IGREJA
      A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS IRMÃS
      CONCLUSÕES
      Continua em APRESENTAÇÃO
      Traduzido de "God's Order" - Bruce Anstey - 4th Edition

      Um apelo

      Como o leitor tem observado, apresentamos uma ordem para os cristãos congregarem para a adoração e o ministério, a qual é diferente da tradicionalmente aceita nas assim chamadas "igrejas". O que mais precisaria ser dito a respeito das diferenças? Procuramos demonstrar, a partir da Palavra de Deus, que a ordem existente nas igrejas denominacionais em geral simplesmente não é bíblica. Mostramos que existe um padrão simples na Palavra de Deus para os cristãos se reunirem para este objetivo. É necessário fé e obediência para praticar estas verdades bíblicas. Se nos consideramos cristãos e reivindicamos que a Bíblia é o guia do cristão, então por que não seguir a Bíblia quando o assunto é o modo como os cristãos devem congregar para a adoração e o ministério?

      "Voces acham que sao os unicos que estao certos!"

      Às vezes encontramos pessoas que perguntam: "Você viria conosco à nossa igreja?" É difícil recusar um convite assim, sabendo que essas pessoas têm boas intenções, principalmente quando elas não entendem a força de nossa convicção. Quando respondemos: "Não, pois não cremos que seria da vontade de Deus", elas costumam se ofender. Às vezes somos acusados de intolerância e exclusivismo. Elas dizem: "Como é que vocês acham natural irmos às suas reuniões, mas quando convidamos vocês a virem às nossas vocês se recusam? Vocês acham que são os únicos que estão certos! Vocês não amam os outros membros do corpo de Cristo!".

      Outra seita?

      Talvez alguém venha a dizer: "Se fizermos tudo o que você diz, e começarmos a nos reunir com aqueles que congregam sobre as bases bíblicas, será que não estaríamos apenas nos filiando a outra divisão ou seita da igreja?". A resposta simples para esta pergunta é que a obediência à Palavra de Deus nunca é uma dissidência. É isto que os cristãos deveriam estar fazendo há muito tempo. Se os cristãos se reunirem em obediência à Palavra de Deus, em conformidade com a verdade do "um só corpo", eles jamais poderão ser considerados uma seita, mesmo que existissem apenas dois ou três se colocando nesse terreno. Se eles estiverem congregados pelo Espírito em torno do Senhor Jesus não estarão no terreno do sectarismo: eles estarão no divino centro, pois Cristo é o centro divino para o Seu povo (Gn 49:10; Sl 50:5; Mt 18:20; 1 Co 5:4).

      Traduzido de "God's Order" - Bruce Anstey - 4th Edition

      Cabe a cada crente hoje buscar a comunhao do testemunho existente da verdade do um so Corpo

      Nas Escrituras, quando o Espírito de Deus começava uma obra em alguns com relação à verdade de onde congregar, Ele tinha o cuidado de uni-los a outros no mesmo terreno de modo que a "unidade do Espírito" fosse mantida para expressar a verdade do "um só corpo". Ao dirigir-se aos santos em tessalonicenses, o Apóstolo Paulo diz: "Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo" (1 Ts 2:14). Os tessalonicenses seguiram as assembleias da Judeia, estando ligados a elas em uma comunhão prática e até participando dos sofrimentos do evangelho. Isto não significava que as assembleias na Judeia fossem mais importantes ou mais espirituais que a dos tessalonicenses, simplesmente porque o Espírito havia começado Seu trabalho de reunir as almas ao nome do Senhor Jesus Cristo primeiramente na Judeia. À medida que outros iam sendo salvos, eram ligados em uma comunhão prática àquilo que o Espírito de Deus já havia começado.

      O terreno do "um so Corpo"

      Antes de falarmos sobre o que os cristãos com este exercício devem fazer, cremos ser necessário estabelecer a importância da verdade do "um só corpo". O propósito de Deus era que o Senhor Jesus reunisse "em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos", para que viesse a existir "um rebanho e um Pastor" (Jo 11:51-52; 10:16). Apesar de estes versículos se referirem especificamente à unidade da família de Deus, eles mostram claramente que Deus desejava que o Seu povo fosse encontrado congregado em uma unidade visível na terra. Mateus 18:20 também indica isto. Ali diz: "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles". A voz passiva ("reunidos") indica que existe um poder que não partiu deles para estarem reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo. Trata-se do poder do Espírito Santo. Ele é o "Reunidor" divino. Porém repare que o Espírito não apenas reúne crentes ao nome de nosso Senhor Jesus Cristo, mas também os reúne em unidade ao Seu nome. Trata-se de uma unidade prática, e aprendemos de outras Passagens que esta unidade prática não acontece apenas na localidade onde esses crentes estão reunidos; ela também se aplica aos crentes nas outras assembleias que estão igualmente reunidos no mesmo terreno (1 Co 1:2; 4:17; 5:3-4; 10:16-17; 11:16; 14:33-34; 16:1). As decisões de "ligar ou desligar" (Mt 18:18) tomadas em uma assembleia devem ser reconhecidas e aceitas nas outras assembleias, para que a verdade do "um só corpo" seja expressada de forma prática na terra.

      Se uma assembleia local tomar uma decisão de colocar alguém fora de sua comunhão, o corpo todo deve agir em comunhão com aquela assembleia local e reconhecer aquela ação. Todos devem se submeter ao julgamento feito naquela assembleia local, de forma que a pessoa colocada fora de comunhão seja considerada como alguém efetivamente fora das outras reuniões também, e não apenas na assembleia da localidade onde ela resida. Vemos isto em 1 Coríntios 5:13, quando a assembleia local em Corinto deveria tirar de seu meio aquele malfeitor. Se você ler 2 Coríntios 2:6 verá que a "repreensão" foi "feita por muitos". Os "muitos" ali se referem ao "corpo como um todo", conforme mostra a nota de rodapé da Bíblia traduzida por J. N. Darby, citando 2 Coríntios 9:2 como um exemplo do uso e significado da expressão. Isto faz com que o ofensor sinta que a repreensão é feita por mais do que apenas a sua assembleia local, além de demonstrar que uma decisão de ligar ou desligar tomada em uma assembleia é, na realidade, tomada em nome do corpo como um todo. O que é feito em nome do Senhor em uma assembleia local deve, na prática, afetar a todos. Esta é uma das maneiras pelas quais a igreja deve "guardar a unidade do Espírito", expressando assim a verdade de que "há um só corpo" (Ef 4:3).

      Traduzido de "God's Order" - Bruce Anstey - 4th Edition

      "Deveriamos iniciar uma comunhao crista em conformidade com estes principios biblicos?"

      Após aprender alguns destes princípios relativos à igreja e à sua ordem conforme encontrada nas Escrituras, alguém poderia perguntar: "Já que não devemos nos juntar a uma denominação por causa da ordem inventada pelos homens, será que deveríamos iniciar uma comunhão seguindo a verdadeira ordem bíblica?". Nossa resposta é não, pois cremos que isto seria um ato de independência. Não queremos dizer que não devem ser formadas novas reuniões, mas que há um outro princípio que deveria ser levado em consideração antes que uma reunião assim pudesse receber a aprovação de Deus.

      Conclusoes

      A qual denominação Pedro, Paulo e João se filiariam?

      Vamos colocar toda a questão da organização eclesiástica denominacional (e não denominacional) de outra maneira. Vamos supor que pudéssemos transportar para os nossos dias Pedro, Paulo e João, além de alguns outros irmãos da igreja no princípio. Suponhamos que nós os trouxéssemos direto de uma de suas reuniões, onde eles estariam congregados ao Nome do Senhor Jesus somente (Mt 18:20); onde eles teriam partido o pão em recordação do Senhor, como regularmente fariam a cada dia do Senhor (At 20:7); ignorando qualquer outra maneira de congregar, além de fazê-lo na liberdade do Espírito em dirigir quem quer que Ele quisesse para falar na assembleia na adoração e no ministério (1 Co 14:23-32), onde estivessem mantendo a disciplina bíblica (1 Co 5:9-13; 1 Tm 5:20; 2 Ts 3:6, 14-15 etc.), onde procurassem manter a verdade na prática do "um só corpo" quanto à recepção e disciplina (Ef 4:3-4), etc.

      "Levando o Seu vituperio"

      Quando analisamos o assunto do lugar e ministério das irmãs na igreja tendo em vista o declínio do testemunho cristão nos últimos dias, fica bastante óbvio que a recusa das mulheres em aceitarem o lugar que Deus lhes designou é apenas mais uma evidência do grande abandono da verdade.

      "Mas o cabelo da mulher e´ o seu veu!"

      Outro argumento comumente usado para descartar o uso da cobertura é o versículo 15. Ali diz: "Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu". Usando este versículo alguns argumentam que se a mulher tiver cabelo longo (e alguns que não precisa ser tão longo), então ela já estaria cumprindo esta passagem das Escrituras, pois seu cabelo funcionaria como um véu. Portanto, as mulheres não precisariam usar uma cobertura artificial para a cabeça por já terem uma cobertura proporcionada pelo cabelo.

      "Cobrir a cabeca era um costume cultural antigo que nao deve ser considerado hoje!"

      Costuma-se argumentar que as instruções dadas pelo Apóstolo Paulo eram apenas para os Coríntios daquela época. Assim a cobertura da cabeça é descartada como sendo um antigo costume cultural que não tem qualquer aplicação para as mulheres de nossos dias.

      Cobertura para a cabeca

      Outra coisa que hoje tem sido desprezada entre os cristãos é o uso de cobertura para a cabeça. Em 1 Coríntios 11 temos instruções claras e explícitas dadas às irmãs para que tenham a cabeça coberta quando estiverem sendo tratados assuntos divinos. Já que a passagem das Escrituras não especifica onde a cobertura da cabeça deve ser usada, não temos autoridade para afirmar que ela se aplique apenas às reuniões da assembleia. Seu uso é mais amplo. Sua aplicação se estende a qualquer lugar onde a Palavra de Deus estiver sendo estudada, seja em reuniões públicas ou no estudo da Palavra em particular.

      "Isso é coisa do velho Paulo!"

      Outros consideram que o apóstolo Paulo escreveu essas coisas sobre o lugar da mulher por ser ignorante e insensível para com as mulheres. São pessoas que veem seus ensinos sobre o assunto como se não passasse de opiniões pessoais pelo fato de ele ser solteiro.

      "Mas nao queremos afugentar as pessoas do cristianismo!"

      Alguns acreditam que não deveríamos colocar em prática estas coisas, pois poderiam ofender pessoas incrédulas (principalmente mulheres) que observam o cristianismo. Eles acham que esse tipo de coisa poderia afugentar completamente as pessoas para longe de Deus, por dar a elas a impressão de que o cristianismo estaria colocando a mulher numa classe inferior.

      "Mas aquelas coisas se aplicavam apenas a Corinto!"

      Outros dizem que a proibição para as mulheres falarem na assembleia se aplicava somente à assembleia de Corinto, cidade particularmente conhecida por suas mulheres tagarelas e desavergonhadas. Supõe-se que essas mulheres em Corinto, após terem sido salvas, tenham continuado com seus velhos hábitos, e por isso acabavam atrapalhando as reuniões. A solução dada por Paulo para aquele problema local teria sido ordenar que ficassem em silêncio até que aprendessem a se comportar melhor. Conclui-se, portanto, que tal ordem não teria aplicação para as mulheres na igreja nos dias hoje.

      "Mas nao devemos fazer distincao entre homem e mulher na igreja!"

      Outros concordarão que Deus tem papéis distintos para o homem e a mulher, e acreditam que estes devem ser observados, mas apenas nas relações da vida doméstica. Quando o assunto é a assembleia, eles acham que as distinções entre macho e fêmea não devem ser consideradas, pois a Palavra de Deus diz: "Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28). Muitos teólogos acreditam que esta declaração universal se sobreponha às declarações mais restritivas feitas por Paulo em 1 Coríntios 14 e 1 Timóteo 2.

      "Mas a Biblia diz que as mulheres devem orar e profetizar!"

      Há quem não acredite que as passagens que falam do lugar da mulher em 1 Coríntios 14:33-38 e 1 Timóteo 2:11-14 estejam se referindo à pregação e ao ensino, pois se assim fosse elas estariam contradizendo 1Coríntios 11:5, que diz: "Toda a mulher que ora ou profetiza...". O argumento utilizado é o de que Deus não teria dito para as mulheres orarem e profetizarem em um lugar da Bíblia, para depois dizer o contrário em outro. A conclusão a que chegam é que o "falar" em 1 Coríntios 14 deve estar se referindo a algum problema local em Corinto, onde as mulheres estariam interrompendo a adoração da congregação fazendo perguntas fora do contexto, perguntas essas que poderiam ser feitas em casa.

      Tres razoes pelas quais as irmas ocupam um lugar de subordinacao no cristianismo

      Entendemos que este não é um assunto muito popular hoje em dia, e será particularmente difícil de ser aceito por alguns que se apoiam na filosofia do "Movimento de Liberação Feminina". Apesar dessa filosofia popularmente aceita em nossos dias, a Bíblia apresenta ao menos três razões pelas quais as irmãs devem ocupar um lugar de submissão no cristianismo. Após o apóstolo Paulo ter falado do lugar das irmãs na casa de Deus em 1 Timóteo 2:9-12, ele continuou para nos ensinar a razão disso. Para isso ele usa a palavra "porque" no versículo seguinte (13).

      O ministerio das irmas

      Portanto fica evidente que as Escrituras afirmam que as irmãs não devem ter um papel no ministério público, mas elas têm um importante ministério a desempenhar para o Senhor -- para o qual os homens geralmente não estão capacitados. O ministério das mulheres é na esfera da vida doméstica e privada; elas não precisam competir com os irmãos na esfera do ministério público e administrativo. As Escrituras dizem: "As mulheres idosas... que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada" (Tt 2:4-5). E também: "Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa..." (1 Tm 5:14). "A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa" (Sl 128:3). Há muitas outras passagens que mostram a esfera na qual as irmãs devem ministrar.

      A esfera de ministerio das irmas na igreja

      Outro aspecto em que as assim chamadas "igrejas" da cristandade se distanciaram da ordem estabelecida por Deus é o lugar e ministério das irmãs. Alguém poderia perguntar: "Vocês acreditam que uma irmã possa ministrar?". Nossa resposta seria: "Sim, pois é o que ensinam as Escrituras". Em Romanos 16:1 diz: "Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia". Na verdade acreditamos que Deus gostaria que todas as irmãs na igreja fossem ministras -- isto é, no sentido bíblico da palavra. Todavia, se a pergunta for feita usando o termo "ministro" do modo como é comumente utilizado, o que implica reconhecer a falsa posição ocupada pelo clero, então de maneira nenhuma poderíamos acreditar que uma irmã -- ou mesmo um irmão -- deveria ocupar tal posição clerical. As Escrituras deixam bem claro que o papel da mulher na igreja não é desempenhado em público.

      Cartas de recomendacao

      Outra coisa que está estreitamente associada à recepção à comunhão é o uso de cartas de recomendação. Trata-se de uma carta escrita por uma assembleia e assinada por dois ou três irmãos, a qual é enviada a outra assembleia recomendando uma ou mais pessoas à comunhão dos santos naquela localidade para onde essas pessoas estiverem se dirigindo. Mais uma vez, isto é algo que geralmente não é praticado nas igrejas da cristandade.

      A responsabilidade individual

      Se por um lado existe a responsabilidade da assembleia local nesta questão, por outro o indivíduo que deseja entrar em comunhão com uma assembleia local também tem sua parcela de responsabilidade. Se ele deseja andar corretamente diante do Senhor, irá querer ter cuidado ao dar esse passo. Todavia, muitos cristãos acham que podem se associar com qualquer coisa que desejarem sem que sejam afetados por isso, mas a Bíblia ensina que somos afetados por aqueles com quem nos associamos, e alguém que esteja buscando comunhão com uma assembleia de cristãos sobre a qual tenha poucas informações deve agir com cuidado. O princípio da contaminação decorrente da associação com o mal funciona nos dois sentidos. A assembleia deve ser cuidadosa quanto a quem e a quê recebe em sua comunhão, mas a pessoa que procura estar em comunhão também deve ser cuidadosa. As Escrituras dizem: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro" (1 Tm 5:22). Isso se refere à comunhão e foi escrito para uma pessoa na casa de Deus. A responsabilidade de todo cristão é manter-se puro, pois "as más companhias corrompem os bons costumes" (1 Co 15:33).

      Exclusivo demais!

      Alguns discordam dessas coisas, declarando que isso é ser exclusivista. Gostaríamos de enfatizar mais uma vez que estes princípios não foram inventados por nós, mas são simplesmente princípios ensinados pela Palavra de Deus. As assembleias locais de cristãos devem ser exclusivistas quanto ao pecado, e devem ser cuidadosas quando não conhecerem com quê uma pessoa pode estar associada. A passagem em 1 Coríntios 11:28 costuma ser apresentada para dar a ideia de que cada pessoa é individualmente responsável diante do Senhor em julgar a si mesma, e que não caberia à assembleia "escrutinar" as pessoas. O versículo diz: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice". Aqueles que pensam assim são rápidos em argumentar que não cabe à assembleia "examinar" a pessoa, mas que é a própria pessoa que deve "examinar-se a si mesma", e então participar da ceia.

      Colocando a profissao de fe' da pessoa a prova

      Outro importante princípio para se receber alguém é que existe a necessidade de se colocar à prova a profissão de fé da pessoa. Se alguém diz que é cristão, é preciso que prove isso deixando de lado todo pecado conhecido. Além disso, em 2 Timóteo 2:19 diz que "qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade". Veja também Apocalipse 2:2 e 1 João 4:1. Se essa pessoa não apartar-se da iniquidade, sua confissão de fé não é genuína. Isso é ainda mais importante em uma época de ruína e abandono do testemunho cristão, quando o que não faltam são doutrinas e práticas perniciosas de todos os tipos. Um exemplo disso pode ser visto em figura em 1 Crônicas 12:16-18. Naquele momento Davi era o rei rejeitado de Israel. À medida que pessoas de várias tribos de Israel entenderam o erro que tinha sido rejeitá-lo, elas foram a ele e o consideraram como o verdadeiro rei de Israel. Quando os da tribo de Benjamim (a tribo do rei Saul) foram a Davi, ele colocou à prova a profissão de fé deles. Ao ficar comprovado que sua confissão era genuína, e eles demonstraram verdadeiramente estar ao lado de Davi, a Palavra de Deus nos diz que "Davi os recebeu".

      Seria suficiente o testemunho pessoal?

      Um importante princípio relacionado a este assunto e que precisa ser compreendido é que a assembleia, biblicamente falando, não se baseia no que diz uma testemunha. Tudo o que diz respeito à assembleia deve ser feito de acordo com este princípio: "Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra" (2 Co 13:1). Confira também o que diz em João 8:17 e Deuteronômio 19:15. Por esta razão a assembleia não deve receber pessoas com base em seu próprio testemunho, principalmente considerando que todas as pessoas costumam dar um bom testemunho de si mesmas, como as próprias Escrituras afirmam: "Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos" (Pv 16:2). E também: "Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória" (Jo 7:18). Por isso é preciso pedir a uma pessoa que deseja entrar em comunhão que aguarde, principalmente quando a assembleia nada souber a respeito dela. Assim que a assembleia local venha a conhecer a pessoa que deseja estar em comunhão, ela poderá ser recebida com base no testemunho de outros.

      Quem decide quem deveria estar em comunhao?

      É importante entender que os irmãos na assembleia local não decidem o que é adequado à mesa do Senhor e o que não é. Isto é algo que compete à Palavra de Deus. A razão é que a mesa não é dos irmãos, a mesa é do Senhor. As preferências e gostos pessoais dos que fazem parte da assembleia não têm nada a ver com a recepção. A decisão vem totalmente da Palavra de Deus. Quando não existir um motivo bíblico para se recusar a alguém a comunhão à mesa do Senhor, tal pessoa deve ser recebida. Se um crente já batizado professar com clareza sua fé e demonstrar devoção em seu andar, não existe motivo para que seja recusado. O nível de conhecimento das Escrituras não é um critério neste sentido. Ainda que seja um crente limitado em seu conhecimento, as Escrituras dizem: "Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas" (Rm 14:1).

      Recepcao -- Uma responsabilidade da assembleia local

      Outra prática da igreja no princípio, que hoje quase não existe na cristandade, era o cuidado com a recepção de pessoas à comunhão.

      Disciplina na Igreja

      Outro assunto relacionado ao governo da igreja local, que é negligenciado nas assim chamadas "igrejas", é o da disciplina e excomunhão. Como já vimos no capítulo com o título "Um chamado à separação", cada cristão é individualmente responsável por separar-se do mal. Portanto é óbvio que uma assembleia de cristãos também deve se manter livre do mal. Trata-se de uma responsabilidade coletiva. O motivo disso é que a associação com o mal corrompe toda a assembleia.

      Coleta ou dizimo?

      Outra prática que se tornou parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais é o uso do dízimo (dar 10% da renda). O dízimo é algo claramente judaico, e foi emprestado pela cristandade da ordem de coisas que a epístola aos Hebreus chamou de "arraial" (Lv 27:30-34; Nm 18:21-24; Hb 13:13). O dízimo não tem lugar no cristianismo. O cristianismo funciona sobre princípios completamente diferentes e muito mais elevados do que o sistema da lei mosaica. Impor esse padrão sobre os filhos de Deus no cristianismo hoje é não entender a graça e a diferença que existe entre judaísmo e cristianismo.

      A imposicao de maos

      O que dizer de Atos 13:1-4? "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram". A passagem parece demonstrar ser necessário que alguém, até mesmo um apóstolo, seja ordenado antes de sair para pregar.

      "Mas na Biblia as pessoas eram ordenadas!"

      É comum as pessoas argumentarem que na Bíblia as pessoas eram ordenadas. Sim, a Bíblia nos diz que Paulo e Barnabé ordenaram anciãos de cidade em cidade em uma de suas jornadas missionárias (At 14:23). Mas nas Escrituras não existe uma única evidência sequer de que Paulo, Barnabé, Tito etc. tenham ordenado um pastor, mestre ou evangelista! Pela mesma razão, tampouco há nas Escrituras evidência de que eles tenham ordenado algum profeta ou sacerdote! Não existe qualquer indício de pessoas assim terem sido ordenadas. Onde, na Palavra de Deus, as igrejas denominacionais se baseiam para fazer isso? Cabe aqui uma citação de W. T. P. Wolston: "A ideia está na cabeça das pessoas, e não nas Escrituras". Se essa fosse a vontade de Deus para a igreja, Ele teria nos dado instruções acerca disso em Sua Palavra.

      Hoje nao ha' mais ordenacao

      As assim chamadas "igrejas" das quais temos falado, usam a prática da ordenação para aprovar oficialmente uma pessoa para ministrar entre eles. Porém isso não é encontrado nas Escrituras. Se alguns cristãos criam uma organização à qual dão o nome de "igreja", com seus próprios credos e regras administrativas, obviamente ninguém ali estará livre para ministrar, a menos que seja oficialmente aprovado.

      Existem anciaos hoje?

      Alguns poderiam perguntar: "Acaso isto significa que você não acredita na existência de anciãos?" Embora não tenhamos hoje alguém autorizado a ordenar anciãos, não devemos pensar que o trabalho deles não continue. Se assim fosse, ao levar os apóstolos para o céu Deus teria deixado as assembleias locais sem uma direção. O Espírito Santo continua levantando homens para efetuarem este trabalho (At 20:28). Geralmente em uma reunião de cristãos congregados de acordo com as Escrituras há homens que se incumbem dessa obra. Eles serão identificados pelo trabalho que executam e devem ser reconhecidos por isso, ainda que não tenham sido oficialmente ordenados para tal ofício. Nossa obrigação é:

      Tres qualificacoes para o apostolado

      Relacionamos a seguir três coisas que qualificam uma pessoa para o apostolado, as quais demonstram que hoje já não seria possível existir apóstolos no mundo.

      Hoje nao existem apostolos para ordenar anciaos e diaconos

      Todo o valor da escolha de uma pessoa para ocupar um determinado ofício depende da legitimidade do poder que está por trás dessa escolha. As Escrituras deixam claro que ninguém, além dos apóstolos ou de alguém enviado por eles, teria o poder de comissionar uma pessoa para uma dessas funções. Mas onde será que encontramos hoje alguém capaz de mostrar evidências de ter sido comissionado por um apóstolo para desempenhar tal tarefa? Na Palavra de Deus não há um indício sequer de que o poder de ordenar alguém tenha tido continuidade. Portanto, a igreja hoje não tem o poder de ordenar anciãos (presbíteros ou guias) para tal ofício, ou um diácono para desempenhar seu papel, simplesmente por não termos um apóstolo ou alguém autorizado por um apóstolo para fazer isso.

      A escolha dos anciaos

      A pergunta que surge é: "Como as pessoas chegavam a ocupar esses ofícios?". Em cada caso encontrado nas Escrituras elas eram escolhidas. Porém, em nenhum lugar das Escrituras lemos que os anciãos eram escolhidos pela igreja ou assembleia local. Assim como já demonstramos que não existe sequer uma assembleia local na Bíblia que tenha escolhido um pastor para si, também não há uma assembleia que escolha seus anciãos!

      Diaconos

      Enquanto aqueles que desempenham o ofício de ancião (presbítero ou guia) estão ocupados com o bem estar da assembleia local, os que têm o ofício de diácono devem se ocupar com os cuidados temporais da assembleia local (At 6:1-6; 1 Tm 3:8-13).

      Anciaos, Presbiteros [Bispos] e Guias

      Com exceção do apostolado, que é um caso à parte, existem apenas dois ofícios na igreja. Um é o de presbítero (no sentido de supervisor, às vezes traduzido como bispo, ancião ou guia), e outro é o de diácono.

      A administracao local na igreja

      Existe uma diferença entre dom e ofício porém os cristãos quase sempre confundem "dom" com "ofício". Tentar colocar um dom (como é o pastor) para funcionar como um ofício em uma igreja local é uma prova clara desse equívoco. Dom e ofício são duas coisas distintas nas Escrituras. O dom é exercitado em relação ao corpo de Cristo; o ofício é uma responsabilidade em conexão com a casa de Deus. O dom é para a edificação, enquanto o ofício tem a ver com governo ou administração. Se por um lado o dom é universal (para todo o corpo), por outro, o ofício é uma responsabilidade local (isto é, para uma assembleia local).

      O que pensam disso os "Pastores" e "Ministros"?

      É provável que alguém pergunte ao "Pastor" de sua denominação a respeito destas coisas, e acabe escutando que tudo o que dissemos aqui está errado. É compreensível. O mais provável é que ele não aceite estas verdades, pois elas condenam a própria posição que ocupa. Se estas coisas fossem reconhecidas, que impacto elas não teriam sobre um homem ocupando uma posição de "Pastor"! Em virtude de seu "ministério" ser exercido como uma profissão, as consequências práticas para ele, caso aceitasse estas verdades, seriam a perda de seu salário regular. É bastante improvável que alguém numa posição assim venha a admitir estas coisas.

      Resumo dos principais erros do sistema clerical

      Até aqui mostramos de forma conclusiva que o conceito de um sistema clerical, que é ter um assim chamado "Pastor" ou "Ministro" responsável por uma congregação de cristãos para guiá-los na adoração e no ministério, não tem base bíblica. E não só falta a isso base bíblica, como chega a ser até mesmo contrário ao ensino do Novo Testamento.

      Organizacoes para-eclesiasticas -- Auxilio ou empecilho ao evangelho?

      William MacDonald declarou: "Nos últimos anos tem ocorrido uma explosão organizacional na cristandade, de proporções tamanhas, ao ponto de deixar qualquer um zonzo. Sempre que um crente tem uma nova ideia para o avanço da causa de Cristo, ele cria uma nova junta, comitê, organização ou instituição! Uma das consequências disso é que pregadores e pessoas que têm o dom de ensinar são afastados de seu ministério principal para se transformarem em administradores. Se todos os administradores dessas juntas de missões estivessem servindo no campo missionário, isso reduziria imensamente a necessidade de pessoal nessas organizações. Outra consequência da proliferação das organizações é que vastas somas de dinheiro são necessárias para os custos administrativos, sendo assim desviadas da divulgação direta do evangelho. A maior parte de cada dólar que é dado às muitas organizações cristãs é usada para os custos de manutenção da organização, ao invés de ir para o principal objetivo para o qual os recursos foram doados".

      Como os servos do Senhor devem ser mantidos financeiramente?

      Alguém poderá perguntar de que modo os servos do Senhor devem ser mantidos financeiramente. Já que eles não devem receber um salário, como serão mantidos? Mais uma vez devemos buscar a resposta na Palavra de Deus. Nela encontramos que o apóstolo Paulo e outros que serviam juntamente com ele são um exemplo de como os servos do Senhor devem efetuar seu serviço para Ele (1 Tm 1:16; Fp 3:17). Eles eram "servos de Jesus Cristo" e não servos de alguma seita ou divisão na igreja (Rm 1:1; Fp 1:1; 2 Pd 1:1; Jd 1 etc.). Eles acreditavam que o Senhor os tinha enviado para fazer o trabalho, e que se Ele verdadeiramente os enviara, então Ele também cuidaria deles. "Quem jamais milita à sua própria custa?" (1 Co 9:7). Portanto eles saíam em campo "nada tomando dos gentios", pois confiavam que Deus iria suprir todas as suas necessidades (3 Jo 7; Fp 4:19). Para fazer isso é preciso que o servo tenha fé. Hudson Taylor escreveu: "Nunca faltará suprimento vindo de Deus para a obra de Deus, quando ela é feita à maneira de Deus".

      Nao e' correto contratarmos um servo de Deus

      Associado à prática errônea de se eleger um "Pastor" está colocar essa pessoa trabalhando mediante um salário. Em lugar nenhum encontramos qualquer menção disso na Bíblia. O homem (ou uma organização de homens) não deve contratar um servo de Deus, pois ele está a serviço de um Mestre maior. Como já mostramos isso pode ser perigoso, pois quando alguém recebe seu salário de uma determinada organização, a tendência é que ele seja um servo daquela organização.

      O Senhor da seara dirige os dons

      Quando as Escrituras se referem a Cristo como Cabeça, isso é feito em relação às questões coletivas da igreja como um corpo; quando é feita menção ao Seu senhorio, isso está conectado à Sua direção soberana dos crentes individualmente. É por isso que não lemos de Cristo como sendo Senhor da igreja. Todavia, as Escrituras afirmam que Ele é "Senhor da seara" (Mt 9:38). É Ele, e não a igreja, Quem envia os Seus trabalhadores individualmente para onde Ele gostaria que eles servissem. Ao distribuir os dons, Cristo faz com que seus portadores sejam diretamente responsáveis perante Ele no que diz respeito ao ministério de cada um. Como já demonstramos, os dons fluem de Cristo no céu, e são para o proveito espiritual do Seu corpo. Alguém que tenha um dom específico deveria procurar ministrar para toda a igreja de Deus -- desde que possa fazê-lo sem comprometer os princípios bíblicos. Ele jamais deveria se confinar a uma seita formada por homens. Seu dom é para a edificação de todo o corpo.

      A eleicao de um "Pastor"

      Atualmente a prática na igreja para se escolher um (assim chamado) "Pastor" é contrária às Escrituras. Estamos nos referindo ao processo como um clérigo passa a presidir uma igreja local. O procedimento usual é que o candidato a "Pastor" ou "Ministro" seja convidado pela (assim chamada) igreja, para ter a oportunidade de demonstrar suas habilidades fazendo alguns sermões. Se a sua pregação for aceitável para as pessoas daquela igreja, elas votarão nele para ser o "Pastor" delas. Mais uma vez, esta não é a ordem de Deus.

      Titulos lisonjeiros

      As organizações eclesiásticas da cristandade não apenas criaram uma posição que não existe na Palavra de Deus, mas também adicionaram a ela vários títulos que tampouco encontramos nas Escrituras. Títulos como "Ministro", "Pastor" ou "Doutor em Divindade" são encontrados na maioria das denominações.

      "Quer dizer que voces nao acreditam que devemos ter um pastor?"

      Com base naquilo que acabamos de dizer, alguns inferem que não acreditamos na existência de pastores na igreja, mas a verdade é que acreditamos sim, pois a Bíblia fala de pastores (Ef 4:11). Um pastor é alguém que recebeu o dom de pastorear o rebanho de Deus. Trata-se de um dos muitos dons que Cristo deu à igreja.

      A assembleia deve guardar a sa doutrina

      Finalmente, no décimo quinto capítulo da primeira epístola aos coríntios, Paulo enfatiza que a sã doutrina deve ser mantida na assembleia. Os coríntios estavam se desviando da doutrina da ressurreição e Paulo os corrigiu em seus equívocos. Este é um princípio importante para nós. Devemos também guardar a sã doutrina na assembleia.

      Os dons devem ser regidos pelo amor e pelo discernimento

      Depois de ter falado do motivo para o ministério, que é o "amor", no décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios, no capítulo quatorze o Apóstolo apresenta os princípios simples que devem reger o ministério na assembleia.

      O Espirito de Deus deveria usar para falar quem ele quisesse

      No décimo segundo capítulo da primeira epístola aos Coríntios, o terceiro grande princípio do ministério cristão é que, ao nos reunirmos em assembleia, o Espírito de Deus deve ter o direito de empregar quem Ele desejar para falar. Como demonstramos no assunto do sacerdócio, o Espírito deve ter liberdade na assembleia para guiar aquele que Ele escolher para falar, exercitando assim seu dom no ministério. O capítulo estabelece claramente que os dons devem ser exercitados na assembleia pelo mesmo Espírito que concede o dom a cada indivíduo quando este é salvo. "Um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente [os dons] a cada um como quer" (1 Co 12:7, 11). Não existe no Novo Testamento qualquer outra ordem para o ministério senão esta da direção soberana do Espírito Santo. As Escrituras partem do princípio de que temos fé para confiar na liderança do Espírito. Se nós deixarmos que o Espírito Santo lidere na assembleia, Ele tomará quaisquer que sejam os dons que estiverem ali e irá usá-los para a edificação dos santos no ministério.

      A assembleia local necessita de todos os dons em seu meio

      O segundo grande princípio neste capítulo sobre o ministério cristão é que, se Cristo distribuiu os dons pelo Espírito aos diversos membros do Seu corpo, e considerando que esses dons não são todos possuídos por um único homem, precisamos da participação nas reuniões de todos os que têm um dom para isso. O Apóstolo diz que "a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito..." (1 Co 12:4-10, 29-30). Fica perfeitamente claro nesta passagem que uma vez que os dons não estão todos de posse de um só homem, a assembleia irá precisar de mais de um homem ministrando, isto se quiserem obter o benefício dos dons que porventura existam em seu meio. Todavia -- repito -- o sistema clerical existente no cristianismo denominacional impede isto.

      O ministerio na igreja

      Quando lemos a primeira epístola aos Coríntios (do capítulo 11:17 ao 14:40), vemos como os dons devem funcionar quando a igreja está reunida nas diferentes localidades. Esta seção das Escrituras começa com o Apóstolo dizendo: "de sorte que, quando vos ajuntais num lugar...".

      O que e' ministerio?

      A maioria das pessoas pensa que "ministério" é aquilo que envolve Pastores e Ministros, quando eles desempenham seu trabalho liderando um grupo chamado igreja. A Bíblia, porém, ensina que ministério é simplesmente o exercício do dom de uma pessoa (1 Pd 4:10-11; 1 Tm 4:6; Ef 4:11-12). Considerando que todos os cristãos possuem um dom, todos os cristãos deveriam estar no "ministério"! Como já dissemos, nem todos podem ter um dom de ministério público da Palavra de Deus, mas todos têm um ministério a cumprir. Boa parte do ministério está no serviço feito para o povo do Senhor, quando nenhuma oratória pública está envolvida.

      A diferenca entre habilidade e dom

      Em Mateus 25:14-30 o Senhor faz distinção entre "habilidade" e "dom". Ele contou a história de um homem que viajou a um país distante e, antes de partir, deu talentos -- uma quantia em dinheiro -- aos seus servos, com os quais eles deveriam negociar até que ele retornasse. Alguns receberam mais, outros menos. Essa é uma clara alusão ao Senhor dando dons aos Seus, os quais devem exercitá-los para Ele durante a Sua ausência. Um dia Ele voltará e pedirá contas do que fizemos com aquilo que Ele nos deu na forma de dons. Naquele dia serão dadas recompensas aos que cumpriram fielmente seu ministério (Mt 25:19-23).

      A diferenca entre sacerdocio e dom

      É importante entender a diferença entre sacerdócio e dom. São duas esferas de atuação distintas na casa de Deus. Um sacerdote vai a Deus em nome do povo; uma pessoa que exercita seu dom no ministério vai ao povo em nome de Deus.

      O sacerdocio de todos os crentes

      O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5:1; 8:3; 1 Pd 2:5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus em lugar do povo. No cristianismo o sacerdote exerce seu sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus, e ao apresentar as petições a Deus em oração (Hb 13:15; 1 Jo 5:14-15). Todavia, uma das causas da fraqueza e confusão que prevalece na igreja professa é que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a uma classe privilegiada de pessoas, algumas delas que nem sequer são salvas!

      Quem deveria liderar a congregacao?

      Alguém poderá perguntar: "Se nos reunirmos do modo como foi sugerido no capítulo anterior, quem iria liderar essas reuniões?".

      Tres ou quatro coisas tangiveis no cristianismo

      Se praticarmos o cristianismo simples, do modo como é encontrado na Bíblia, descobriremos que existem poucas coisas tangíveis em toda a nova ordem da adoração cristã.

      Consequencias praticas de se abandonar as "quatro ancoras"

      Quando deixamos de lado qualquer uma dessas "âncoras", sentimos sérias consequências práticas em nossa vida. Um exemplo disso está em Atos 27:40-41. Quando os marinheiros se livraram das "quatro âncoras" (At 27:29), acabaram logo atingindo as rochas e naufragaram. Assim como aconteceu com aqueles marinheiros, alguns cristãos acham que podem se livrar dessas quatro importantes práticas e que não haverá consequências. Porém, cedo ou tarde acabam perigosamente à deriva espiritual e "naufragam" (1 Tm 1:19). Sem reuniões especificamente designadas para esses propósitos, ficamos à deriva em uma ou outra área de nossa vida cristã. Uma boa pergunta que devemos fazer a nós mesmos é: "Quantas dessas âncoras conservo em minha vida?".

      A pratica biblica para cristaos congregados para adoracao e ministerio

      Além de estar congregada para o nome do Senhor Jesus Cristo, aprendemos também do Novo Testamento que a igreja no princípio se reunia para quatro objetivos principais. Lá vemos que eles "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações" (At 2:42). Estas são as mesmas razões pelas quais a igreja hoje deveria se reunir. Podemos chamá-las de "quatro âncoras" da vida em assembleia.

      Os cristaos devem se reunir em nome do Senhor Jesus Cristo para adoracao e ministerio e aguardar a direcao do Espirito

      Quando fazemos do Novo Testamento o nosso guia para o funcionamento de uma assembleia de cristãos, vemos que o grande propósito de Deus é exaltar Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Aprendemos que Deus dá tamanha importância a Seu Filho que exaltou tremendamente o Seu nome. A Bíblia diz que Deus "lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra [os seres infernais]" (Fp 2:9-10; Ef 1:20).

      Vinho novo em recipientes novos

      Apesar de tudo, muitos cristãos rejeitam a ordem de Deus e insistem que o modo de Israel aproximar-se de Deus em adoração é o verdadeiro padrão para a adoração cristã. Mas se o modo de Israel adorar no Antigo Testamento for o padrão para a adoração cristã, então por que razão as Escrituras dizem que a adoração cristã é um "novo" caminho de adoração? (Hb 10:20).

      Sacrificios Espirituais ou um 'Ministerio de Musica'?

      Consequentemente, os sacrifícios cristãos não são literais e exteriores como no judaísmo, mas sim "sacrifícios espirituais" (1 Pedro 2:5; Hb 13:15; João 4:23; Fp 3:3). Já que o cristão adora "em espírito e em verdade", ele poderia sentar-se em uma cadeira sem se movimentar, e mesmo assim poderia ser produzido em seu espírito um verdadeiro louvor e adoração a Deus por meio do Espírito Santo que habita nele. Esta é a verdadeira adoração celestial. O cristão não necessita de uma orquestra ou de um coro para extrair adoração de seu coração, como era o caso de Israel no judaísmo.

      A Adoração Cristã é em "Espírito e Verdade"

      Esta mudança na forma de se aproximar de Deus em adoração foi primeiramente anunciada pelo Senhor Jesus à mulher samaritana à beira do poço de Sicar. Ele indicou a ela que cessaria aquela ordem terrenal de adoração. "Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai" (João 4:21). Aquele "monte" (Gerizim) era o lugar onde os samaritanos adoravam, e "Jerusalém" era o lugar onde Israel adorava a Jeová.

      O Verdadeiro Cristianismo esta´ "Fora do Arraial"

      O Novo Testamento indica que a igreja primitiva, predominantemente formada por judeus convertidos, foi encorajada a abandonar a ordem judaica de coisas para seguir o verdadeiro cristianismo. O objetivo da epístola aos Hebreus é mostrar que a adoração cristã contrasta com a adoração judaica, e não é uma extensão desta última.

      O cristianismo e' tipicamente celestial

      Se quisermos entender o que é o verdadeiro cristianismo, devemos perceber que existe um contraste entre judaísmo e cristianismo, duas ordens de adoração totalmente distintas -- ambas estabelecidas por Deus. O judaísmo é a maneira terrenal de se aproximar de Deus em adoração, e foi dada por Deus para um povo terrenal, com esperanças terrenais e uma herança terrenal. O cristianismo, por sua vez, é uma ordem celestial, dada por Deus para o Seu povo celestial, o qual possui esperanças celestiais e uma herança celestial (Hb 3:1; Cl 1:5; Fp 3:20; 1 Pd 1:4).

      Igrejas de pedras e tijolos - ajudam ou atrapalham o evangelho?

      O público em geral ficou tão acostumado com as construções chamadas de igrejas e catedrais que acredita ser este o ideal de Deus. Na opinião da maioria das pessoas essas construções são um sinônimo de cristianismo. Mas o Novo Testamento nem sequer as menciona entre as coisas que Deus deseja para a igreja. Existem pelo menos cinco boas razões para esses edifícios associados ao cristianismo mais atrapalharem do que ajudarem o evangelho.

      O judaismo nao e' um padrao para a adoracao crista

      Apesar de o judaísmo não ser um padrão para a adoração cristã, as igrejas na cristandade têm ignorado o ensino claro das Escrituras que mostra que o tabernáculo é uma figura do verdadeiro santuário ao qual agora temos acesso pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24). Mesmo assim, as igrejas têm usado o tabernáculo como um padrão para suas construções. As igrejas emprestaram muitas coisas do Antigo Testamento para introduzi-las literalmente em seus lugares de adoração e cultos religiosos, perdendo de vista o verdadeiro significado delas.

      Para o cristao o Antigo Testamento e' um livro de tipos e figuras

      Não queremos dizer com isto que o Antigo Testamente não deva ser lido pelos cristãos, muito pelo contrário. "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (2 Tm 3:16). O Novo Testamento deixa claro que "tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança" (Rm 15:4). Isto nos mostra que apesar do Antigo Testamento não ter sido endereçado a nós cristãos, ele foi escrito para nós.

      A igreja nao aparece no Antigo Testamento

      Quando buscamos a Palavra de Deus para estudar a ordem e função da igreja, devemos nos ocupar do Novo Testamento, e particularmente das epístolas. É ali que a verdade da igreja é revelada.

      O padrao da igreja apostolica

      Quando nos voltamos a Deus e à Palavra da Sua graça, descobrimos que Ele não nos deixou sem luz acerca do assunto. "Aos retos nasce luz nas trevas" (Sl 112:4; Sl 119:105; 130). Se estivermos verdadeiramente retos neste sentido, Ele irá nos mostrar. A Sua Palavra nos diz: "E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele" (2 Jo 6).

      A qual igreja devo ir?

      Depois que alguém descobre que esteve participando de uma comunhão cristã cuja ordem é em grande parte inventada pelo homem, e se separa dela, sua pergunta pode muito bem ser: "Aonde ir?". Depois de vermos todos os nomes e divisões na desordem existente na cristandade, é esta a pergunta que nos aflige. Mas, sem dúvida alguma, a resposta é: "a Deus e à palavra da sua graça" (At 20:32).

      Mais luz!

      Se a Palavra de Deus nos diz para nos reunirmos em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, então é certo que ela também deve nos dizer como fazer isso. Partimos do princípio de que realmente existe um padrão na Palavra de Deus para os cristãos se reunirem para a adoração e o ministério. É este padrão singelo que esperamos apresentar ao leitor, à medida que avançarmos com este tema.

      Separar-se não significa isolar-se

      Devemos nos lembrar de que, quando a Palavra de Deus fala de separação, ela não está se referindo ao isolamento. Nenhum dos escritores do Novo Testamento, que trataram da ruína e da confusão que viria sobre o testemunho cristão, diz que devemos nos isolar. O isolamento não é a solução para o problema. Na verdade, eles nos instruem a fazer exatamente o contrário.

      7) "Separar-se de outros cristaos destroi a unidade do Espirito!"

      Para muitos crentes honestos e sinceros parece inconcebível que um cristão venha a se separar de outros cristãos. Principalmente por ser um dos principais conceitos da comunidade cristã que todos fazemos parte de uma grande família onde deve haver unidade e uma feliz comunhão. Na opinião deles, a separação romperia essa unidade (Ef 4:3).

      6) "Nao devemos deixar a nossa congregacao!"

      Outros argumentam que "a Palavra de Deus nos exorta a não deixarmos nossa congregação. Se eu me separasse de minha igreja não estaria obedecendo esta passagem das Escrituras".

      5) "Posso ser muito util permanecendo onde estou em minha denominacao!"

      Há quem diga: "Eu sei que existem algumas coisas que não estão exatamente corretas em minha igreja, mas por que eu deveria abandonar uma porção de coisas que considero boas, só porque algumas outras não são consistentes com as Escrituras? Além disso, sinto que posso fazer muita coisa boa ajudando as pessoas ali. Se eu sair, não poderei ajudá-las".

      4) "Deus esta usando as denominacoes!"

      Alguns cristãos dizem: "Mas eu continuo não achando que esteja errado adorar com um grupo de crentes em sua denominação só porque a ordem de coisas ali não está na Bíblia. Afinal, Deus está usando essas igrejas denominacionais! Pessoas são salvas e cristãos são abençoados ali. Se Deus Se apraz em usá-las, elas não podem ser assim tão ruins ao ponto de eu precisar me separar delas!".

      3) "Nossa igreja esta crescendo!"

      Outros reagem dizendo: "Mas nossa igreja está crescendo. Isto prova que Deus está abençoando. E se Deus está abençoando nossa igreja, ela não pode estar errada! Por que eu deveria me separar de algo que Deus está claramente abençoando?".

      2) "Separar-se nao e' demonstrar amor!"

      Alguns cristãos acham que separar-se de outros crentes que têm "diferentes opiniões" é uma medida extrema demais e que isso não seria uma demonstração de amor.

      1) "Nao devemos julgar outros cristaos!"

      Às vezes as pessoas dirão: "Eu não me separaria de minha igreja mesmo que visse algumas coisas que não estão corretas, pois se me separasse estaria julgando os que praticam essas coisas, e a Bíblia diz que não devemos julgar uns aos outros".

      Sete desculpas para nao se separar dos sistemas denominacionais

      Antes de comentarmos as desculpas que costumam ser dadas para não se separar dos sistemas denominacionais, gostaríamos de deixar claro que não temos a intenção de tentar convencer alguém a fazer algo contra a sua vontade. As Escrituras dizem que, entre outras coisas, "...subverter o homem no seu pleito, não são do agrado do Senhor" (Lm 3:36). Se alguém está contente em sua igreja, não é com ele que estamos falando. Estamos nos dirigindo a cristãos genuinamente preocupados com a questão de onde e como Deus gostaria que eles estivessem congregados para a adoração e o ministério.

      O remanescente de judeus que partiu da Babilonia

      O Antigo Testamento nos fornece uma ilustração deste exercício de separação da confusão religiosa. Ao acompanharmos a história dos filhos de Israel nos livros de Reis e Crônicas, vemos que depois de terem se estabelecido em sua terra prometida com o culto de adoração que Deus lhes havia ordenado, eles foram pouco a pouco se distanciando dessas instruções. Eles introduziram coisas que Deus nunca ordenou que fizessem (por exemplo 1 Reis 11:7-8; 2 Reis 16:10-18).

      Os Três Tipos de Mal Existentes na Cristandade

      A Bíblia indica que o cristão deve se separar de três tipos de mal, pois a associação com essas coisas irão nos afetar e nos contaminar. São eles:

      Por que nos separarmos?

      Alguém poderia perguntar: "Por que a separação é tão importante?" A resposta é simplesmente porque podemos ser -- e efetivamente seremos -- contaminados por nossas associações! A maioria dos cristãos acredita poder se associar a qualquer coisa que for de sua vontade sem que sejam afetados por isso. A Bíblia, porém, ensina que somos afetados por aqueles com quem nos associamos. "As más companhias corrompem os bons costumes" (1 Co 15:33; 1 Tm 5:22; Ag 2:10-14; Dt 7:1-4; Js 23:11-13; 1 Rs 11:1-8 etc.).

      Um chamado a separacao

      Apesar de não sermos chamados a consertar a confusão que existe no testemunho cristão, existe algo que somos chamados a fazer para nos colocarmos na posição correta em relação a essa confusão. O apóstolo Paulo descreveu o abandono da Verdade no testemunho cristão como algo tão confuso que apenas o Senhor seria capaz de distinguir entre os que são reais e os que são falsos. Ele segue dizendo que nossa responsabilidade nisso tudo é nos apartarmos daquilo que sabemos que está errado, e que é inconsistente com a verdade das Escrituras. "Qualquer que profere o nome de Cristo [o Senhor] aparte-se da iniquidade" (2 Tm 2:19).

      Nao somos chamados a consertar a ruina do testemunho cristao

      Muitos crentes sinceros e preocupados perguntam: "O que eu posso fazer para ajudar a restaurar as coisas no testemunho cristão? Talvez fosse bom apresentar isso ao meu 'Pastor' para termos uma igreja mais bíblica".

      Estado de espirito - O pre-requisito necessario para se aprender a verdade

      Ocorre-nos a pergunta: "Por que tantos cristãos aceitam essa ordem de coisas que foi criada pela inventividade humana na cristandade, sem sequer questionarem sua veracidade?" Podemos também perguntar: "Por que a ordem de Deus na Bíblia para a adoração e o ministério passou despercebida a tantos cristãos?" A resposta está no fato de que existe uma exigência moral necessária para se compreender a verdade. Esse importante pré-requisito é encontrado em um estado de espírito. Os pontos a seguir são absolutamente necessários para quem deseja ter um estado de espírito adequado à compreensão da verdade das Escrituras:

      Santo

      Outro exemplo da confusa terminologia existente na cristandade é encontrado no significado da palavra "santo". Muitos cristãos pensam em um santo como alguém que vive ou viveu uma vida exemplar. Porém a Bíblia usa o termo para descrever todos os crentes -- até mesmo aqueles em Corinto, que eram notórios por suas divisões e carnalidade (1 Co 3:1-4). Eles estavam associados ao mal moral (1 Co 5) e alguns professavam uma má doutrina que atacava os próprios fundamentos do cristianismo (1 Co 15). Não existe um grupo de cristãos na Bíblia que esteja numa situação mais precária, exceto talvez pelos gálatas. Mesmo assim, apesar de todo o fracasso deles, a Palavra de Deus chama os coríntios de "santos"! (1 Co 1:2) Com base nisso fica claro que a Bíblia define "santo" de um modo diferente daquele normalmente usado pelas pessoas nos dias de hoje.

      Terminologia convencional versus terminologia biblica

      Boa parte da confusão existente no testemunho cristão vem da terminologia que os teólogos criaram para simples verdades da Bíblia. F. B. Hole disse certa vez que a teologia moderna pegou muitos termos das Escrituras e os esvaziou de seu sentido bíblico, dando depois a esses termos significados inventados pelos homens para fundamentarem seus próprios sistemas teológicos. Quando comparamos essas ideias com a Palavra de Deus, vemos que elas estão distantes da verdade.

      O contraste entre o "um so corpo" e as muitas seitas e divisoes

      Talvez a mais triste de todas essas evidências de abandono sejam as muitas seitas e divisões. As Escrituras ensinam claramente que Deus odeia divisões, pois o cisma e a heresia (formação de partidos) são obra da carne (Gl 5:20). Quão grande o contraste entre a vontade do Senhor e essas numerosas seitas e divisões que existem no testemunho cristão!

      O testemunho do Senhor

      Finalmente, o próprio Senhor condena um grupo de pessoas que se levantaria na igreja, chamados de "nicolaítas" (Ap 2:6, 15). Essas pessoas introduziram impurezas no testemunho cristão; e pelo significado de seu nome, muitos estudiosos da Bíblia concluíram que estas podem muito bem ter sido as primeiras sementes do clericalismo.

      O testemunho de Judas

      Judas também nos diz que certos homens se introduziriam furtivamente entre os cristãos e converteriam "em dissolução a graça de nosso Deus" (Jd 4). Ele descreve o caráter dos que corromperiam o testemunho cristão como pessoas que entrariam "pelo caminho de Caim", sendo levadas "ao erro de Balaão", e perecendo "na rebelião de Coré" (Jd 11). Estas três coisas descrevem muito bem o tipo de erro eclesiástico que hoje prevalece na cristandade.

      O testemunho de Joao

      Enquanto o apóstolo Paulo alerta sobre aqueles que retrocedem da revelação da verdade cristã (Hb 10:38-39), o apóstolo João adverte a respeito daqueles que a ultrapassam (ou "prevaricam") e não permanecem nela (2 Jo 9). João falou desse desvio como resultado do trabalho de mestres anticristãos. A respeito deles, João afirma: "Saíram de nós, mas não eram de nós" (1 Jo 2:19).

      O testemunho de Pedro

      O apóstolo Pedro também falou dos ensinos malignos que surgiriam no testemunho cristão. Ele disse que falsos mestres se levantariam dentre os santos de Deus e introduziriam "heresias de perdição" que muitos seguiriam -- até ao ponto de falarem mal do caminho da verdade (2 Pd 2:1-3; 3:16).

      O testemunho de Mateus

      Nas parábolas do reino dos céus o apóstolo Mateus indica o mesmo abandono. Nelas o Senhor Jesus disse que um inimigo (Satanás) viria e semearia "joio no meio do trigo". Isto indica que no reino dos céus haveria a intromissão de professantes falsos e sem vida. Como resultado disso, o reino teria uma mistura de crentes (trigo) e falsos professantes (joio), os quais não seriam separados até o fim desta era (Mt 13:24-30, 38-41).

      O testemunho de Paulo

      O apóstolo Paulo nos alertou para o fato de que haveria um grande abandono da Palavra de Deus entre os cristãos professos. Ele disse, "Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si" (At 20:29-30).

      A ruina do testemunho cristao

      Quando nos voltamos para a Palavra de Deus vemos que quase todos os escritores do Novo Testamento previram que a ruína e o abandono da Palavra de Deus entrariam no testemunho cristão. Portanto não deveria ser uma grande surpresa para nós quando víssemos esse abandono da ordem de Deus na criação de igrejas denominacionais e não denominacionais.

      Precisamos desaprender algumas coisas

      Antes de tentarmos apresentar a ordem de Deus encontrada em Sua Palavra, de como os cristãos devem se reunir para a adoração e ministério da Palavra, e também a ordem de Deus para o governo da Igreja, infelizmente existem algumas falsas ideias que primeiro precisam ser descartadas. Do mesmo modo como um construtor cava fundo para remover uma grande quantidade de resíduos e solo ruim antes de assentar uma única pedra do alicerce (Lc 6:48), sentimos ser necessário descartar algumas ideias que passaram a ser aceitas no mundo cristão e que simplesmente não têm qualquer base nas Escrituras.

      Podemos fazer qualquer coisa que não tenha sido definida nas Escrituras?

      Alguns cristãos respondem a estes questionamentos argumentando que se a Palavra de Deus não trata especificamente de algo ou não o proíbe, então Deus não vê problema nisso. Eles acham que se a Bíblia não abordar diretamente o assunto de como os cristãos deveriam se reunir para adoração e ministério, então isso ficaria à escolha e gosto de cada um. Consequentemente, não veem nada de errado em implementar no cristianismo coisas que não estejam na Bíblia.

      Um desafio ao fundamento biblico do cristianismo denominacional

      1) Que autoridade nos dá a Palavra de Deus para estabelecermos igrejas denominacionais ou não denominacionais em meio ao testemunho cristão, quando as Escrituras condenam a criação de seitas e divisões entre os crentes? (1 Co 1:10; 3:3; 11:18-19)

      Denominacionalismo - Uma ordem de Deus ou do homem?

      Todos os cristãos, em maior ou menor medida, buscam na Palavra de Deus (a Bíblia) o caminho da salvação, mas parece que são muito poucos os que, após terem sido salvos, buscam na Palavra para saber como o Senhor gostaria que se reunissem para a adoração e o ministério da Palavra. Apesar de todos acreditarem que só existe uma forma de serem salvos, muitos consideram que deve ficar a critério de cada um escolher como devem adorar.

      Prefacio

      Este livro tem por objetivo exaltar o Senhor Jesus Cristo, e estabelecer o fato de que a Palavra de Deus deve ter a supremacia sobre quaisquer ideias e tradições humanas. Confiamos que estas páginas não apenas resultarão em glória e honra ao nosso Senhor Jesus Cristo, como também serão para bênção dos filhos de Deus.

      Apresentacao

      Há alguns anos li o livro "God's Order", escrito por Bruce Anstey, um irmão canadense com o qual tenho comunhão por estarmos congregados somente ao nome do Senhor Jesus, ele no Canadá e eu no Brasil. O que chamou minha atenção foi que o autor conseguia colocar em ordem os principais tópicos que todo cristão sincero deveria buscar nas Escrituras para saber se está congregado segundo a ordem estabelecida por Deus, ou se apenas segue tradições criadas por homens.

      O livro em inglês está agora na quarta edição, e recebi do autor autorização para traduzi-lo para o português. A fim de assumir um compromisso comigo mesmo de dedicar algum tempo à tradução, decidi criar este blog. Um blog público é uma excelente forma de eu me lembrar de que há pessoas esperando por novos trechos do livro, e isso me motiva a continuar traduzindo.

      Espero que o livro "A Ordem de Deus" seja de auxílio para muitos irmãos e irmãs em Cristo, e também se transforme em um instrumento a mais para glorificar a Deus, que não apenas "quer que todos os homens se salvem", mas também que "venham ao conhecimento da verdade" 1 Tm 2:4.

      Mario Persona
      contato@mariopersona.com.br

      Continua em PREFÁCIO

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