Tradução completa da 4ª edição do livro "God's Order" de Bruce Anstey.
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A administracao local na igreja

Existe uma diferença entre dom e ofício porém os cristãos quase sempre confundem "dom" com "ofício". Tentar colocar um dom (como é o pastor) para funcionar como um ofício em uma igreja local é uma prova clara desse equívoco. Dom e ofício são duas coisas distintas nas Escrituras. O dom é exercitado em relação ao corpo de Cristo; o ofício é uma responsabilidade em conexão com a casa de Deus. O dom é para a edificação, enquanto o ofício tem a ver com governo ou administração. Se por um lado o dom é universal (para todo o corpo), por outro, o ofício é uma responsabilidade local (isto é, para uma assembleia local).

O que pensam disso os "Pastores" e "Ministros"?

É provável que alguém pergunte ao "Pastor" de sua denominação a respeito destas coisas, e acabe escutando que tudo o que dissemos aqui está errado. É compreensível. O mais provável é que ele não aceite estas verdades, pois elas condenam a própria posição que ocupa. Se estas coisas fossem reconhecidas, que impacto elas não teriam sobre um homem ocupando uma posição de "Pastor"! Em virtude de seu "ministério" ser exercido como uma profissão, as consequências práticas para ele, caso aceitasse estas verdades, seriam a perda de seu salário regular. É bastante improvável que alguém numa posição assim venha a admitir estas coisas.

Resumo dos principais erros do sistema clerical

Até aqui mostramos de forma conclusiva que o conceito de um sistema clerical, que é ter um assim chamado "Pastor" ou "Ministro" responsável por uma congregação de cristãos para guiá-los na adoração e no ministério, não tem base bíblica. E não só falta a isso base bíblica, como chega a ser até mesmo contrário ao ensino do Novo Testamento.

Organizacoes para-eclesiasticas -- Auxilio ou empecilho ao evangelho?

William MacDonald declarou: "Nos últimos anos tem ocorrido uma explosão organizacional na cristandade, de proporções tamanhas, ao ponto de deixar qualquer um zonzo. Sempre que um crente tem uma nova ideia para o avanço da causa de Cristo, ele cria uma nova junta, comitê, organização ou instituição! Uma das consequências disso é que pregadores e pessoas que têm o dom de ensinar são afastados de seu ministério principal para se transformarem em administradores. Se todos os administradores dessas juntas de missões estivessem servindo no campo missionário, isso reduziria imensamente a necessidade de pessoal nessas organizações. Outra consequência da proliferação das organizações é que vastas somas de dinheiro são necessárias para os custos administrativos, sendo assim desviadas da divulgação direta do evangelho. A maior parte de cada dólar que é dado às muitas organizações cristãs é usada para os custos de manutenção da organização, ao invés de ir para o principal objetivo para o qual os recursos foram doados".

Como os servos do Senhor devem ser mantidos financeiramente?

Alguém poderá perguntar de que modo os servos do Senhor devem ser mantidos financeiramente. Já que eles não devem receber um salário, como serão mantidos? Mais uma vez devemos buscar a resposta na Palavra de Deus. Nela encontramos que o apóstolo Paulo e outros que serviam juntamente com ele são um exemplo de como os servos do Senhor devem efetuar seu serviço para Ele (1 Tm 1:16; Fp 3:17). Eles eram "servos de Jesus Cristo" e não servos de alguma seita ou divisão na igreja (Rm 1:1; Fp 1:1; 2 Pd 1:1; Jd 1 etc.). Eles acreditavam que o Senhor os tinha enviado para fazer o trabalho, e que se Ele verdadeiramente os enviara, então Ele também cuidaria deles. "Quem jamais milita à sua própria custa?" (1 Co 9:7). Portanto eles saíam em campo "nada tomando dos gentios", pois confiavam que Deus iria suprir todas as suas necessidades (3 Jo 7; Fp 4:19). Para fazer isso é preciso que o servo tenha fé. Hudson Taylor escreveu: "Nunca faltará suprimento vindo de Deus para a obra de Deus, quando ela é feita à maneira de Deus".

Nao e' correto contratarmos um servo de Deus

Associado à prática errônea de se eleger um "Pastor" está colocar essa pessoa trabalhando mediante um salário. Em lugar nenhum encontramos qualquer menção disso na Bíblia. O homem (ou uma organização de homens) não deve contratar um servo de Deus, pois ele está a serviço de um Mestre maior. Como já mostramos isso pode ser perigoso, pois quando alguém recebe seu salário de uma determinada organização, a tendência é que ele seja um servo daquela organização.

O Senhor da seara dirige os dons

Quando as Escrituras se referem a Cristo como Cabeça, isso é feito em relação às questões coletivas da igreja como um corpo; quando é feita menção ao Seu senhorio, isso está conectado à Sua direção soberana dos crentes individualmente. É por isso que não lemos de Cristo como sendo Senhor da igreja. Todavia, as Escrituras afirmam que Ele é "Senhor da seara" (Mt 9:38). É Ele, e não a igreja, Quem envia os Seus trabalhadores individualmente para onde Ele gostaria que eles servissem. Ao distribuir os dons, Cristo faz com que seus portadores sejam diretamente responsáveis perante Ele no que diz respeito ao ministério de cada um. Como já demonstramos, os dons fluem de Cristo no céu, e são para o proveito espiritual do Seu corpo. Alguém que tenha um dom específico deveria procurar ministrar para toda a igreja de Deus -- desde que possa fazê-lo sem comprometer os princípios bíblicos. Ele jamais deveria se confinar a uma seita formada por homens. Seu dom é para a edificação de todo o corpo.

A eleicao de um "Pastor"

Atualmente a prática na igreja para se escolher um (assim chamado) "Pastor" é contrária às Escrituras. Estamos nos referindo ao processo como um clérigo passa a presidir uma igreja local. O procedimento usual é que o candidato a "Pastor" ou "Ministro" seja convidado pela (assim chamada) igreja, para ter a oportunidade de demonstrar suas habilidades fazendo alguns sermões. Se a sua pregação for aceitável para as pessoas daquela igreja, elas votarão nele para ser o "Pastor" delas. Mais uma vez, esta não é a ordem de Deus.

Titulos lisonjeiros

As organizações eclesiásticas da cristandade não apenas criaram uma posição que não existe na Palavra de Deus, mas também adicionaram a ela vários títulos que tampouco encontramos nas Escrituras. Títulos como "Ministro", "Pastor" ou "Doutor em Divindade" são encontrados na maioria das denominações.

"Quer dizer que voces nao acreditam que devemos ter um pastor?"

Com base naquilo que acabamos de dizer, alguns inferem que não acreditamos na existência de pastores na igreja, mas a verdade é que acreditamos sim, pois a Bíblia fala de pastores (Ef 4:11). Um pastor é alguém que recebeu o dom de pastorear o rebanho de Deus. Trata-se de um dos muitos dons que Cristo deu à igreja.

A assembleia deve guardar a sa doutrina

Finalmente, no décimo quinto capítulo da primeira epístola aos coríntios, Paulo enfatiza que a sã doutrina deve ser mantida na assembleia. Os coríntios estavam se desviando da doutrina da ressurreição e Paulo os corrigiu em seus equívocos. Este é um princípio importante para nós. Devemos também guardar a sã doutrina na assembleia.

Os dons devem ser regidos pelo amor e pelo discernimento

Depois de ter falado do motivo para o ministério, que é o "amor", no décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios, no capítulo quatorze o Apóstolo apresenta os princípios simples que devem reger o ministério na assembleia.

O Espirito de Deus deveria usar para falar quem ele quisesse

No décimo segundo capítulo da primeira epístola aos Coríntios, o terceiro grande princípio do ministério cristão é que, ao nos reunirmos em assembleia, o Espírito de Deus deve ter o direito de empregar quem Ele desejar para falar. Como demonstramos no assunto do sacerdócio, o Espírito deve ter liberdade na assembleia para guiar aquele que Ele escolher para falar, exercitando assim seu dom no ministério. O capítulo estabelece claramente que os dons devem ser exercitados na assembleia pelo mesmo Espírito que concede o dom a cada indivíduo quando este é salvo. "Um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente [os dons] a cada um como quer" (1 Co 12:7, 11). Não existe no Novo Testamento qualquer outra ordem para o ministério senão esta da direção soberana do Espírito Santo. As Escrituras partem do princípio de que temos fé para confiar na liderança do Espírito. Se nós deixarmos que o Espírito Santo lidere na assembleia, Ele tomará quaisquer que sejam os dons que estiverem ali e irá usá-los para a edificação dos santos no ministério.

A assembleia local necessita de todos os dons em seu meio

O segundo grande princípio neste capítulo sobre o ministério cristão é que, se Cristo distribuiu os dons pelo Espírito aos diversos membros do Seu corpo, e considerando que esses dons não são todos possuídos por um único homem, precisamos da participação nas reuniões de todos os que têm um dom para isso. O Apóstolo diz que "a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito..." (1 Co 12:4-10, 29-30). Fica perfeitamente claro nesta passagem que uma vez que os dons não estão todos de posse de um só homem, a assembleia irá precisar de mais de um homem ministrando, isto se quiserem obter o benefício dos dons que porventura existam em seu meio. Todavia -- repito -- o sistema clerical existente no cristianismo denominacional impede isto.

O ministerio na igreja

Quando lemos a primeira epístola aos Coríntios (do capítulo 11:17 ao 14:40), vemos como os dons devem funcionar quando a igreja está reunida nas diferentes localidades. Esta seção das Escrituras começa com o Apóstolo dizendo: "de sorte que, quando vos ajuntais num lugar...".

O que e' ministerio?

A maioria das pessoas pensa que "ministério" é aquilo que envolve Pastores e Ministros, quando eles desempenham seu trabalho liderando um grupo chamado igreja. A Bíblia, porém, ensina que ministério é simplesmente o exercício do dom de uma pessoa (1 Pd 4:10-11; 1 Tm 4:6; Ef 4:11-12). Considerando que todos os cristãos possuem um dom, todos os cristãos deveriam estar no "ministério"! Como já dissemos, nem todos podem ter um dom de ministério público da Palavra de Deus, mas todos têm um ministério a cumprir. Boa parte do ministério está no serviço feito para o povo do Senhor, quando nenhuma oratória pública está envolvida.

A diferenca entre habilidade e dom

Em Mateus 25:14-30 o Senhor faz distinção entre "habilidade" e "dom". Ele contou a história de um homem que viajou a um país distante e, antes de partir, deu talentos -- uma quantia em dinheiro -- aos seus servos, com os quais eles deveriam negociar até que ele retornasse. Alguns receberam mais, outros menos. Essa é uma clara alusão ao Senhor dando dons aos Seus, os quais devem exercitá-los para Ele durante a Sua ausência. Um dia Ele voltará e pedirá contas do que fizemos com aquilo que Ele nos deu na forma de dons. Naquele dia serão dadas recompensas aos que cumpriram fielmente seu ministério (Mt 25:19-23).

A diferenca entre sacerdocio e dom

É importante entender a diferença entre sacerdócio e dom. São duas esferas de atuação distintas na casa de Deus. Um sacerdote vai a Deus em nome do povo; uma pessoa que exercita seu dom no ministério vai ao povo em nome de Deus.

O sacerdocio de todos os crentes

O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5:1; 8:3; 1 Pd 2:5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus em lugar do povo. No cristianismo o sacerdote exerce seu sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus, e ao apresentar as petições a Deus em oração (Hb 13:15; 1 Jo 5:14-15). Todavia, uma das causas da fraqueza e confusão que prevalece na igreja professa é que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a uma classe privilegiada de pessoas, algumas delas que nem sequer são salvas!

Quem deveria liderar a congregacao?

Alguém poderá perguntar: "Se nos reunirmos do modo como foi sugerido no capítulo anterior, quem iria liderar essas reuniões?".

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