Tradução completa da 4ª edição do livro "God's Order" de Bruce Anstey.
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"Cobrir a cabeca era um costume cultural antigo que nao deve ser considerado hoje!"

Costuma-se argumentar que as instruções dadas pelo Apóstolo Paulo eram apenas para os Coríntios daquela época. Assim a cobertura da cabeça é descartada como sendo um antigo costume cultural que não tem qualquer aplicação para as mulheres de nossos dias.

Cobertura para a cabeca

Outra coisa que hoje tem sido desprezada entre os cristãos é o uso de cobertura para a cabeça. Em 1 Coríntios 11 temos instruções claras e explícitas dadas às irmãs para que tenham a cabeça coberta quando estiverem sendo tratados assuntos divinos. Já que a passagem das Escrituras não especifica onde a cobertura da cabeça deve ser usada, não temos autoridade para afirmar que ela se aplique apenas às reuniões da assembleia. Seu uso é mais amplo. Sua aplicação se estende a qualquer lugar onde a Palavra de Deus estiver sendo estudada, seja em reuniões públicas ou no estudo da Palavra em particular.

"Isso é coisa do velho Paulo!"

Outros consideram que o apóstolo Paulo escreveu essas coisas sobre o lugar da mulher por ser ignorante e insensível para com as mulheres. São pessoas que veem seus ensinos sobre o assunto como se não passasse de opiniões pessoais pelo fato de ele ser solteiro.

"Mas nao queremos afugentar as pessoas do cristianismo!"

Alguns acreditam que não deveríamos colocar em prática estas coisas, pois poderiam ofender pessoas incrédulas (principalmente mulheres) que observam o cristianismo. Eles acham que esse tipo de coisa poderia afugentar completamente as pessoas para longe de Deus, por dar a elas a impressão de que o cristianismo estaria colocando a mulher numa classe inferior.

"Mas aquelas coisas se aplicavam apenas a Corinto!"

Outros dizem que a proibição para as mulheres falarem na assembleia se aplicava somente à assembleia de Corinto, cidade particularmente conhecida por suas mulheres tagarelas e desavergonhadas. Supõe-se que essas mulheres em Corinto, após terem sido salvas, tenham continuado com seus velhos hábitos, e por isso acabavam atrapalhando as reuniões. A solução dada por Paulo para aquele problema local teria sido ordenar que ficassem em silêncio até que aprendessem a se comportar melhor. Conclui-se, portanto, que tal ordem não teria aplicação para as mulheres na igreja nos dias hoje.

"Mas nao devemos fazer distincao entre homem e mulher na igreja!"

Outros concordarão que Deus tem papéis distintos para o homem e a mulher, e acreditam que estes devem ser observados, mas apenas nas relações da vida doméstica. Quando o assunto é a assembleia, eles acham que as distinções entre macho e fêmea não devem ser consideradas, pois a Palavra de Deus diz: "Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28). Muitos teólogos acreditam que esta declaração universal se sobreponha às declarações mais restritivas feitas por Paulo em 1 Coríntios 14 e 1 Timóteo 2.

"Mas a Biblia diz que as mulheres devem orar e profetizar!"

Há quem não acredite que as passagens que falam do lugar da mulher em 1 Coríntios 14:33-38 e 1 Timóteo 2:11-14 estejam se referindo à pregação e ao ensino, pois se assim fosse elas estariam contradizendo 1Coríntios 11:5, que diz: "Toda a mulher que ora ou profetiza...". O argumento utilizado é o de que Deus não teria dito para as mulheres orarem e profetizarem em um lugar da Bíblia, para depois dizer o contrário em outro. A conclusão a que chegam é que o "falar" em 1 Coríntios 14 deve estar se referindo a algum problema local em Corinto, onde as mulheres estariam interrompendo a adoração da congregação fazendo perguntas fora do contexto, perguntas essas que poderiam ser feitas em casa.

Tres razoes pelas quais as irmas ocupam um lugar de subordinacao no cristianismo

Entendemos que este não é um assunto muito popular hoje em dia, e será particularmente difícil de ser aceito por alguns que se apoiam na filosofia do "Movimento de Liberação Feminina". Apesar dessa filosofia popularmente aceita em nossos dias, a Bíblia apresenta ao menos três razões pelas quais as irmãs devem ocupar um lugar de submissão no cristianismo. Após o apóstolo Paulo ter falado do lugar das irmãs na casa de Deus em 1 Timóteo 2:9-12, ele continuou para nos ensinar a razão disso. Para isso ele usa a palavra "porque" no versículo seguinte (13).

O ministerio das irmas

Portanto fica evidente que as Escrituras afirmam que as irmãs não devem ter um papel no ministério público, mas elas têm um importante ministério a desempenhar para o Senhor -- para o qual os homens geralmente não estão capacitados. O ministério das mulheres é na esfera da vida doméstica e privada; elas não precisam competir com os irmãos na esfera do ministério público e administrativo. As Escrituras dizem: "As mulheres idosas... que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada" (Tt 2:4-5). E também: "Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa..." (1 Tm 5:14). "A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa" (Sl 128:3). Há muitas outras passagens que mostram a esfera na qual as irmãs devem ministrar.

A esfera de ministerio das irmas na igreja

Outro aspecto em que as assim chamadas "igrejas" da cristandade se distanciaram da ordem estabelecida por Deus é o lugar e ministério das irmãs. Alguém poderia perguntar: "Vocês acreditam que uma irmã possa ministrar?". Nossa resposta seria: "Sim, pois é o que ensinam as Escrituras". Em Romanos 16:1 diz: "Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia". Na verdade acreditamos que Deus gostaria que todas as irmãs na igreja fossem ministras -- isto é, no sentido bíblico da palavra. Todavia, se a pergunta for feita usando o termo "ministro" do modo como é comumente utilizado, o que implica reconhecer a falsa posição ocupada pelo clero, então de maneira nenhuma poderíamos acreditar que uma irmã -- ou mesmo um irmão -- deveria ocupar tal posição clerical. As Escrituras deixam bem claro que o papel da mulher na igreja não é desempenhado em público.

Cartas de recomendacao

Outra coisa que está estreitamente associada à recepção à comunhão é o uso de cartas de recomendação. Trata-se de uma carta escrita por uma assembleia e assinada por dois ou três irmãos, a qual é enviada a outra assembleia recomendando uma ou mais pessoas à comunhão dos santos naquela localidade para onde essas pessoas estiverem se dirigindo. Mais uma vez, isto é algo que geralmente não é praticado nas igrejas da cristandade.

A responsabilidade individual

Se por um lado existe a responsabilidade da assembleia local nesta questão, por outro o indivíduo que deseja entrar em comunhão com uma assembleia local também tem sua parcela de responsabilidade. Se ele deseja andar corretamente diante do Senhor, irá querer ter cuidado ao dar esse passo. Todavia, muitos cristãos acham que podem se associar com qualquer coisa que desejarem sem que sejam afetados por isso, mas a Bíblia ensina que somos afetados por aqueles com quem nos associamos, e alguém que esteja buscando comunhão com uma assembleia de cristãos sobre a qual tenha poucas informações deve agir com cuidado. O princípio da contaminação decorrente da associação com o mal funciona nos dois sentidos. A assembleia deve ser cuidadosa quanto a quem e a quê recebe em sua comunhão, mas a pessoa que procura estar em comunhão também deve ser cuidadosa. As Escrituras dizem: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro" (1 Tm 5:22). Isso se refere à comunhão e foi escrito para uma pessoa na casa de Deus. A responsabilidade de todo cristão é manter-se puro, pois "as más companhias corrompem os bons costumes" (1 Co 15:33).

Exclusivo demais!

Alguns discordam dessas coisas, declarando que isso é ser exclusivista. Gostaríamos de enfatizar mais uma vez que estes princípios não foram inventados por nós, mas são simplesmente princípios ensinados pela Palavra de Deus. As assembleias locais de cristãos devem ser exclusivistas quanto ao pecado, e devem ser cuidadosas quando não conhecerem com quê uma pessoa pode estar associada. A passagem em 1 Coríntios 11:28 costuma ser apresentada para dar a ideia de que cada pessoa é individualmente responsável diante do Senhor em julgar a si mesma, e que não caberia à assembleia "escrutinar" as pessoas. O versículo diz: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice". Aqueles que pensam assim são rápidos em argumentar que não cabe à assembleia "examinar" a pessoa, mas que é a própria pessoa que deve "examinar-se a si mesma", e então participar da ceia.

Colocando a profissao de fe' da pessoa a prova

Outro importante princípio para se receber alguém é que existe a necessidade de se colocar à prova a profissão de fé da pessoa. Se alguém diz que é cristão, é preciso que prove isso deixando de lado todo pecado conhecido. Além disso, em 2 Timóteo 2:19 diz que "qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade". Veja também Apocalipse 2:2 e 1 João 4:1. Se essa pessoa não apartar-se da iniquidade, sua confissão de fé não é genuína. Isso é ainda mais importante em uma época de ruína e abandono do testemunho cristão, quando o que não faltam são doutrinas e práticas perniciosas de todos os tipos. Um exemplo disso pode ser visto em figura em 1 Crônicas 12:16-18. Naquele momento Davi era o rei rejeitado de Israel. À medida que pessoas de várias tribos de Israel entenderam o erro que tinha sido rejeitá-lo, elas foram a ele e o consideraram como o verdadeiro rei de Israel. Quando os da tribo de Benjamim (a tribo do rei Saul) foram a Davi, ele colocou à prova a profissão de fé deles. Ao ficar comprovado que sua confissão era genuína, e eles demonstraram verdadeiramente estar ao lado de Davi, a Palavra de Deus nos diz que "Davi os recebeu".

Seria suficiente o testemunho pessoal?

Um importante princípio relacionado a este assunto e que precisa ser compreendido é que a assembleia, biblicamente falando, não se baseia no que diz uma testemunha. Tudo o que diz respeito à assembleia deve ser feito de acordo com este princípio: "Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra" (2 Co 13:1). Confira também o que diz em João 8:17 e Deuteronômio 19:15. Por esta razão a assembleia não deve receber pessoas com base em seu próprio testemunho, principalmente considerando que todas as pessoas costumam dar um bom testemunho de si mesmas, como as próprias Escrituras afirmam: "Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos" (Pv 16:2). E também: "Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória" (Jo 7:18). Por isso é preciso pedir a uma pessoa que deseja entrar em comunhão que aguarde, principalmente quando a assembleia nada souber a respeito dela. Assim que a assembleia local venha a conhecer a pessoa que deseja estar em comunhão, ela poderá ser recebida com base no testemunho de outros.

Quem decide quem deveria estar em comunhao?

É importante entender que os irmãos na assembleia local não decidem o que é adequado à mesa do Senhor e o que não é. Isto é algo que compete à Palavra de Deus. A razão é que a mesa não é dos irmãos, a mesa é do Senhor. As preferências e gostos pessoais dos que fazem parte da assembleia não têm nada a ver com a recepção. A decisão vem totalmente da Palavra de Deus. Quando não existir um motivo bíblico para se recusar a alguém a comunhão à mesa do Senhor, tal pessoa deve ser recebida. Se um crente já batizado professar com clareza sua fé e demonstrar devoção em seu andar, não existe motivo para que seja recusado. O nível de conhecimento das Escrituras não é um critério neste sentido. Ainda que seja um crente limitado em seu conhecimento, as Escrituras dizem: "Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas" (Rm 14:1).

Recepcao -- Uma responsabilidade da assembleia local

Outra prática da igreja no princípio, que hoje quase não existe na cristandade, era o cuidado com a recepção de pessoas à comunhão.

Disciplina na Igreja

Outro assunto relacionado ao governo da igreja local, que é negligenciado nas assim chamadas "igrejas", é o da disciplina e excomunhão. Como já vimos no capítulo com o título "Um chamado à separação", cada cristão é individualmente responsável por separar-se do mal. Portanto é óbvio que uma assembleia de cristãos também deve se manter livre do mal. Trata-se de uma responsabilidade coletiva. O motivo disso é que a associação com o mal corrompe toda a assembleia.

Coleta ou dizimo?

Outra prática que se tornou parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais é o uso do dízimo (dar 10% da renda). O dízimo é algo claramente judaico, e foi emprestado pela cristandade da ordem de coisas que a epístola aos Hebreus chamou de "arraial" (Lv 27:30-34; Nm 18:21-24; Hb 13:13). O dízimo não tem lugar no cristianismo. O cristianismo funciona sobre princípios completamente diferentes e muito mais elevados do que o sistema da lei mosaica. Impor esse padrão sobre os filhos de Deus no cristianismo hoje é não entender a graça e a diferença que existe entre judaísmo e cristianismo.

A imposicao de maos

O que dizer de Atos 13:1-4? "E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram". A passagem parece demonstrar ser necessário que alguém, até mesmo um apóstolo, seja ordenado antes de sair para pregar.

"Mas na Biblia as pessoas eram ordenadas!"

É comum as pessoas argumentarem que na Bíblia as pessoas eram ordenadas. Sim, a Bíblia nos diz que Paulo e Barnabé ordenaram anciãos de cidade em cidade em uma de suas jornadas missionárias (At 14:23). Mas nas Escrituras não existe uma única evidência sequer de que Paulo, Barnabé, Tito etc. tenham ordenado um pastor, mestre ou evangelista! Pela mesma razão, tampouco há nas Escrituras evidência de que eles tenham ordenado algum profeta ou sacerdote! Não existe qualquer indício de pessoas assim terem sido ordenadas. Onde, na Palavra de Deus, as igrejas denominacionais se baseiam para fazer isso? Cabe aqui uma citação de W. T. P. Wolston: "A ideia está na cabeça das pessoas, e não nas Escrituras". Se essa fosse a vontade de Deus para a igreja, Ele teria nos dado instruções acerca disso em Sua Palavra.

Hoje nao ha' mais ordenacao

As assim chamadas "igrejas" das quais temos falado, usam a prática da ordenação para aprovar oficialmente uma pessoa para ministrar entre eles. Porém isso não é encontrado nas Escrituras. Se alguns cristãos criam uma organização à qual dão o nome de "igreja", com seus próprios credos e regras administrativas, obviamente ninguém ali estará livre para ministrar, a menos que seja oficialmente aprovado.

Existem anciaos hoje?

Alguns poderiam perguntar: "Acaso isto significa que você não acredita na existência de anciãos?" Embora não tenhamos hoje alguém autorizado a ordenar anciãos, não devemos pensar que o trabalho deles não continue. Se assim fosse, ao levar os apóstolos para o céu Deus teria deixado as assembleias locais sem uma direção. O Espírito Santo continua levantando homens para efetuarem este trabalho (At 20:28). Geralmente em uma reunião de cristãos congregados de acordo com as Escrituras há homens que se incumbem dessa obra. Eles serão identificados pelo trabalho que executam e devem ser reconhecidos por isso, ainda que não tenham sido oficialmente ordenados para tal ofício. Nossa obrigação é:

Tres qualificacoes para o apostolado

Relacionamos a seguir três coisas que qualificam uma pessoa para o apostolado, as quais demonstram que hoje já não seria possível existir apóstolos no mundo.

Hoje nao existem apostolos para ordenar anciaos e diaconos

Todo o valor da escolha de uma pessoa para ocupar um determinado ofício depende da legitimidade do poder que está por trás dessa escolha. As Escrituras deixam claro que ninguém, além dos apóstolos ou de alguém enviado por eles, teria o poder de comissionar uma pessoa para uma dessas funções. Mas onde será que encontramos hoje alguém capaz de mostrar evidências de ter sido comissionado por um apóstolo para desempenhar tal tarefa? Na Palavra de Deus não há um indício sequer de que o poder de ordenar alguém tenha tido continuidade. Portanto, a igreja hoje não tem o poder de ordenar anciãos (presbíteros ou guias) para tal ofício, ou um diácono para desempenhar seu papel, simplesmente por não termos um apóstolo ou alguém autorizado por um apóstolo para fazer isso.

A escolha dos anciaos

A pergunta que surge é: "Como as pessoas chegavam a ocupar esses ofícios?". Em cada caso encontrado nas Escrituras elas eram escolhidas. Porém, em nenhum lugar das Escrituras lemos que os anciãos eram escolhidos pela igreja ou assembleia local. Assim como já demonstramos que não existe sequer uma assembleia local na Bíblia que tenha escolhido um pastor para si, também não há uma assembleia que escolha seus anciãos!

Diaconos

Enquanto aqueles que desempenham o ofício de ancião (presbítero ou guia) estão ocupados com o bem estar da assembleia local, os que têm o ofício de diácono devem se ocupar com os cuidados temporais da assembleia local (At 6:1-6; 1 Tm 3:8-13).

Anciaos, Presbiteros [Bispos] e Guias

Com exceção do apostolado, que é um caso à parte, existem apenas dois ofícios na igreja. Um é o de presbítero (no sentido de supervisor, às vezes traduzido como bispo, ancião ou guia), e outro é o de diácono.

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