Tradução completa da 4ª edição do livro "God's Order" de Bruce Anstey.
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Os dons devem ser regidos pelo amor e pelo discernimento

Depois de ter falado do motivo para o ministério, que é o "amor", no décimo terceiro capítulo da primeira epístola aos Coríntios, no capítulo quatorze o Apóstolo apresenta os princípios simples que devem reger o ministério na assembleia.


A primeira parte do capítulo enfatiza o cuidado que o amor deveria ter de garantir que não se perdesse tempo falando coisas que os demais não pudessem entender. Era exatamente o que estava ocorrendo em Corinto. Entre eles havia pessoas que falavam em línguas, mas sem um intérprete. Consequentemente, os outros na assembleia não sabiam o que estava sendo falado. Paulo mostra que se alguém falar sem o devido amor e cuidado para a edificação de todos, estará na verdade falando como uma trombeta que dá um som incerto. As pessoas não saberão como reagir ao que está sendo dito, pois não entenderão de que se trata.

Os coríntios estavam usando mal o dom de línguas, mas independente de qual seja o dom, o princípio é o mesmo e deve nos guiar hoje também. Alguém que participe de uma reunião de uma forma que as pessoas não possam entender estará claramente falando coisas que não são para "edificação, exortação e consolação" de todos os presentes. Se for este o caso, é melhor que permaneça calado. O amor e cuidado pelo bem estar dos outros é o que deve governar essas coisas (1 Co 14:1-11).

O princípio fundamental que deve reger a reunião de ministério é que devemos falar aquilo que for para a edificação de todos. Paulo disse que é melhor falar pouco na assembleia ("cinco palavras") e todos entenderem e serem edificados, do que falar muito ("dez mil palavras") e ninguém entender (1 Co 14:12-19).

Ele mostra também que se a igreja se reunisse de acordo com a ordem de Deus para o ministério, onde fosse dado ao Espírito de Deus o Seu lugar de direito para dirigir o mesmo ministério, isso seria um testemunho poderoso para aqueles que visitassem essas reuniões (1 Co 14:23-25).

Paulo segue demonstrando que quando os santos se reunirem, "cada um" que tiver algo para contribuir deve ter a liberdade de ministrar na assembleia para o proveito dos outros. O problema com os coríntios era que suas reuniões tinham se transformado em um espaço livre para todos. Todos queriam falar e não esperavam pela direção do Espírito (1 Co 14:26). Para corrigir isso Paulo disse a eles que, embora todos pudessem ter algo para trazer, não significava que todos deveriam falar. Eles precisavam esperar pela direção do Espírito. Em diferentes oportunidades diferentes pessoas poderiam falar à medida que o Espírito as dirigisse (1 Co 14:27-28; 30-31). A palavra "profecia" neste capítulo não tem o sentido de prever as coisas futuras, mas simplesmente de proferir os pensamentos de Deus para aquela ocasião.

Pode ocorrer -- e às vezes ocorre -- de alguém movido pela carne se apressar a falar coisas que não são de proveito algum para a edificação dos santos. A questão é que a assembleia não é um palco para a carne se manifestar. O Apóstolo escreveu que "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1 Co 14:32). Isto significa que a pessoa deve saber como exercer seu domínio próprio e evitar falar em situações assim. O problema é que quem age assim costuma pensar que aquilo que diz é proveitoso e edificante, e daí insiste em falar. Quando isso acontece, Paulo mostra que a assembleia pode agir. Ele escreveu: "Falem dois ou três profetas, e os outros julguem" (1 Co 14:29). Uma assembleia fundamentada nas Escrituras tem a responsabilidade de julgar o ministério em seu meio. E se este não for proveitoso, a assembleia tem autoridade para exercer uma disciplina piedosa, pedindo a essa pessoa que permaneça em silêncio durante as reuniões (1 Co 14:27-33).

Estas instruções são especialmente importantes para os cristãos congregados de acordo com as Escrituras, pois quando existe liberdade nas reuniões da assembleia, pode também existir o abuso dessa liberdade. Dificilmente instruções assim teriam como ser aplicadas em um sistema denominacional convencional, já que em seus "cultos" não existe lugar para essa liberdade no ministério. Lembremo-nos de que esse tipo de provisão bíblica não é para a nossa liberdade (como alguns erroneamente interpretam), mas para a liberdade do Espírito em guiar quem Ele quiser. Não devemos falar, a menos que sejamos guiados pelo Espírito para fazê-lo.

Finalmente, nos versículos 34-40 o Apóstolo mostra o lugar que as irmãs devem ocupar durante as reuniões públicas. Falaremos mais sobre este assunto em um capítulo mais à frente. O Apóstolo conclui o capítulo apresentando um princípio final relacionado ao governo exercido na assembleia: "Faça-se tudo decentemente e com ordem" (1 Co 14:40).

Traduzido de "God's Order" - Bruce Anstey - 4th Edition

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